O PS4 e o Meu Filho – Colocando Limites neste Jogo

Meu filho sempre pediu um PS4 e eu sempre fui resistente a dar um. Ele argumentava que TODOS os amigos dele tinham videogame, menos ele e a minha resposta era bem ao estilo da minha mãe: “Você não é todo mundo”.

Mas ele era persistente e trazia vários argumentos. Alegava que era bom aluno, que tirava boas notas, se alimentava direito e era obediente. Segundo ele, por causa disso tudo, merecia o PS4! A minha resposta continuava na linha da minha mãe: “tudo isso o que você faz é para o seu próprio bem e não para o meu bem! Eu insisto para você estudar e para cuidar da saúde porque te amo e sei que é o melhor para você. Mas, diretamente, o beneficiado por isso tudo é você! Então não cabem recompensas por algo que você faz em benefício próprio”.

Ele ficava bastante chateado e era bem difícil vê-lo daquela maneira. Mas eu tinha as minhas razões para não dar o bendito videogame PS4!

A Negociação pelo PS4

Não sou contra a tecnologia, muito pelo contrário, acho que ela ajuda mais do que atrapalha. Mas fico meio com o pé atrás quando o assunto é videogame. As crianças viciam muito rápido nesses jogos eletrônicos e não sei se isso é saudável. Também acho um “brinquedo” muito caro para dar de presente a uma criança simplesmente porque ela quer. E por fim, eu tenho muita dificuldade com tecnologia e sabia que não conseguiria ajuda-lo se ele não conseguisse se virar sozinho.

O tempo foi passando e ele não tirou o PS4 da cabeça. Um dia convocou uma reunião de família (eu, ele e o pai) para falar sobre esse desejo dele. Ele fez uma explanação do quanto ele tinha evoluído na escola, destacou que era uma pessoa controlada com relação a celular, computador e tablet (e isso era verdade) e ressaltou que era uma pessoa responsável. Depois disso tudo perguntou o que ele poderia fazer para ganhar esse objeto tão desejado.

Fiquei impressionada com a sua argumentação e força de vontade em tentar nos persuadir. Disse que conversaria com o pai dele e depois tomaríamos uma decisão. Ele aceitou.

As Condições

Após pensar bastante sobre o assunto, resolvi ceder! Resolvi que ele poderia ter o videogame dos sonhos, mas haveria algumas condições. Vamos a elas!

Limites para Utilização do PS4

Sei que o meu filho é controlado quando a questão é tecnologia. Ele nunca levou o celular ou tablet para a escola e sempre reclama que os colegas ficam jogando no celular ao invés de jogar bola, brincar de pega-pega ou outra coisa na hora do recreio. Então sei que com o videogame não será diferente.

Porém, o seguro morreu de velho, então teria sim regras para usar o PS4. Pode jogar todos os dias, mas de acordo com a seguinte tabela:

• Dias úteis (segunda a sexta) – apenas 30 minutos por dia
• Dias de folga (sábado, domingo e feriado) – 1 hora por dia

Fizemos uma tabela para ajudar nesse controle. Ela fica presa na geladeira e vamos marcando um quadradinho a cada 10 minutos de uso do PS4. Você pode baixar essas tabelas clicando na imagem ou visitando o nosso Drive!

Quando ele estivesse junto com os colegas e nas férias esse tempo poderia se estender um pouco mais. Mas a regra seria a tabela definida.

Ah! E, além disso, os jogos só poderiam começar após dele realizar TODAS as tarefas da escola e de casa e estudar a matéria do dia!

Ele concordou com essas condições sem reclamar!

Ele teria que se Virar Sozinho

Ele sabe que eu não entendo de tecnologia e nem gosto de mexer com isso. Então seria obrigação dele montar o videogame, fazer a instalação e a configuração. Não queria ficar ouvindo: “mãe, como é isso?”

Por sorte dele, hoje essas coisas são bem menos complicadas do que na minha época. E também, no YouTube você encontra tutorial para tudo. Então ele concordou, mais uma vez!

Ele Deveria Juntar Dinheiro para Comprar o PS4

Um videogame qualquer já é bastante caro, um PS4 então é muito caro! Não cabia em nosso orçamento comprar um brinquedo nesse valor sem um planejamento em longo prazo. Então, se ele realmente queria comprar o videogame, teria que aprender a economizar.

A reação dele foi dizer que nunca conseguiria juntar tanto dinheiro e, para uma criança de 9 anos, realmente é bem difícil juntar quase 2 mil reais. Então falei que o ajudaria a se organizar e que criaria tarefas para ajuda-lo a juntar ainda mais dinheiro.

Além disso, no natal, dia da criança e em seu aniversário, poderíamos substituir o presente por dinheiro. Ele ficou vacilante, mas teve que concordar. Era isso ou nada!

Fiz uma programação anual para ele ir acompanhando o dinheiro que juntava. Ele arquivava tudo: o quanto tinha, o que gastava e o que ganhava com as atividades extras que realizava. Isso foi até um bom aprendizado para ele!

Caso vocês queiram baixar e imprimir essa programação, basta clicar na foto a seguir. E não deixem de conferir no Drive do Blog outras opções de cores. É totalmente gratuito!

Nessa época ele não ganhava mesada, então ele não sabia de onde tirar dinheiro, por isso tentei ajuda-lo. Não queria pagar para ele fazer as tarefas domésticas, como arrumar a sua própria cama e guardar os seus brinquedos, pois isso ele já fazia como parte de sua rotina. Quem mora na casa tem que fazer a sua parte.

Também não podia coloca-lo para trabalhar, pois isso seria trabalho infantil, o que não é permitido. Mas queria encontrar algo que ele pudesse fazer e que o ajudasse a guardar dinheiro, sem atrapalhar os seus estudos.

Nos EUA é muito mais comum que as crianças façam trabalhos esporádicos para juntar uma graninha extra, tipo passear com o cachorro, ficar de babá ou cortar a grama do vizinho. Mas aqui no Brasil isso é bem mais complicado. Primeiro porque não é costume nosso pagar o filho do vizinho para fazer algum trabalho, segundo que pode ser perigoso deixar o seu filho oferecendo serviços para estranhos.

Trabalhos que a Criança Pode Fazer para Ganhar um Dinheiro Extra

Eu queria ajuda-lo nisso; queria que ele entendesse como é difícil ganhar dinheiro e aprendesse a dar valor a ele. Contudo, não queria que ele se tornasse um mercenário que cobra para fazer qualquer favor. Foi bem complicado encontrar um meio termo.

Depois de pensar bastante, tivemos algumas ideias:

Vender Brinquedos Usados pela Internet

A primeira ideia foi separar brinquedos e livros que ele não usava mais, mas que estavam em bom estado, para vender online. Não foi difícil juntar uma montanha de coisas que estavam apenas juntando poeira em seu quarto.

Separamos tudo e lavamos o que precisava ser lavado. Depois separamos em grupos e fotografamos tudo. Pesquisamos na internet o valor que estava sendo cobrado por coisas semelhantes, abaixamos um pouquinho o preço e conseguimos um bom dinheiro!

Foi um pouco cansativo todo esse trâmite e também tivemos que deixar uma porcentagem para o site que intermediava a venda (preferimos assim porque era mais seguro), mas no final valeu a pena. Além de juntar um dinheirinho, limpamos o quarto.

Oferecer ajuda com Tecnologia em troca de uma Retribuição Financeira

Ao contrário da mãe, o filho é um bom entendedor de tecnologia. Então ele conversou com os avós e disse que estava tentando juntar dinheiro para comprar o videogame. Por essa razão, estava fazendo trabalhinhos de tecnologia para ganhar algum dinheiro.

A primeira reação dos avós foi querer dar alguns reais para ele, mas eu proibi! Não queria que virasse uma vaquinha para o PS4 e sim um trabalhinho extra.

Então os avós resolveram ajudar “contratando os seus serviços”. No início eles só queriam ajuda-lo, mas depois começaram a chama-lo por necessidade mesmo. Ele ajudava a descarregar as fotos do celular no computador, a fazer conta no Facebook e Instagram, fazia montagem de fotos com dizeres específicos, fazia listas de transmissão no WhatsApp e etc. O que no início era apenas uma forma de ajuda-lo virou algo útil para os avós. Eles ficaram muito felizes com a forma como ele fazia tudo rápido e resolvia as suas dificuldades.

Trabalhos de Organização

Eu e o pai dele também oferecemos pequenos trabalhos para ajuda-lo a juntar dinheiro. Eu, por exemplo, tinha muitas fichas e documentos que precisavam ser organizados em ordem alfabética e pastas para limpar. Ele recebia um dinheirinho por mês para manter tudo organizado e limpo.

O pai também inventou uma tarefa para ajuda-lo. Ele arquivava documentos e organizava equipamentos em troca de uma graninha extra.

Ele conseguiu juntar um bom dinheirinho com a venda dos brinquedos, com o trabalho que fez para a família e com o dinheiro que ganhou de aniversário. Mas mesmo assim, não conseguiu juntar o suficiente. Mas, considerando todo o esforço que ele fez e por não ter desistido tão fácil, nós resolvemos completar o que faltava e compramos o PS4 nesse natal de 2019!

A Chegada do PS4

O PS4 chegou e ele ficou muito feliz. Conforme combinado, ele mesmo instalou tudo sozinho e aprendeu a jogar sozinho também (isso eu acho que ele já sabia). Ficou apenas o tempo acordado e vem mantendo tudo organizado.

Não sei se vou me arrepender de ter dado esse videogame, pois só saberemos se PS4 vai atrapalhar o seu desempenho em outras coisas mais para frente. Mas com certeza ele aprendeu como é difícil ganhar dinheiro e provavelmente vai dar muito mais valor ao que ele tem de agora em diante.

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E seu filho (a) tem videogame? Você pretende lhe dar um? Como é a rotina na sua casa? Compartilhe com a gente a sua experiência!

Eu sou a Mamãe Noob e esse é um blog sem julgamentos!